jun . 2025 .

Educação e produtividade: a gestão no ensino é a chave para a transformação

Com força de produção inferior à de outros países, empresas lidam com falta de mão de obra qualificada decorrente do retrato da educação básica no Brasil. Saiba como é possível virar esse jogo

Izabela Murici e Vinicius Brum*

Educação e produtividade: a gestão no ensino é a chave para a transformação



O Brasil enfrenta, há décadas, um desafio estrutural que impacta diretamente sua competitividade e desenvolvimento: as defasagens na educação básica. Embora o país tenha ampliado o acesso à escola, a qualidade da aprendizagem ainda está distante dos níveis desejáveis. Esse gargalo educacional reflete diretamente na produtividade da força de trabalho, reduzindo o potencial de crescimento sustentável da economia.

De fato, quando comparada à de outros países, a produtividade do trabalho no Brasil é inferior. Em 2023, o trabalhador brasileiro produzia cerca de 25% do que produz um trabalhador norte-americano, segundo dados da The Conference Board. Mesmo em comparação com países da América Latina, o desempenho preocupa. O Chile, por exemplo, apresenta uma produtividade por hora trabalhada 32% maior do que a brasileira; o México, 21% superior.

Essa diferença tem raiz, entre outros fatores, no nível de capital humano. Um relatório do Banco Mundial aponta que cada ano adicional de escolaridade com qualidade pode aumentar a produtividade individual em até 10%. No entanto, não basta escolarizar: é necessário garantir aprendizagem efetiva.

O Relatório de Capital Humano do Banco Mundial (2020) revelou que um aluno brasileiro, aos 18 anos, tem o equivalente a 7,6 anos de escolaridade ajustada à aprendizagem, contra 10,2 anos da média dos países da OCDE.

E isso é resultado do retrato da educação básica no Brasil. Segundo dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2023, apenas 32% dos alunos do 5º ano atingem o nível adequado em Língua Portuguesa. Em Matemática, a situação é ainda mais preocupante: apenas 21% dos estudantes chegam ao 5º ano com aprendizagem adequada. No 9º ano, menos de 15% dos alunos demonstram o domínio esperado em Matemática.

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) estagnou em muitos Estados nos últimos anos, e os efeitos da pandemia agravaram esse cenário. Estima-se que os alunos brasileiros perderam até 70% da aprendizagem esperada durante o período de ensino remoto emergencial.

Leia mais: Ideb 2023 – como a Falconi ajuda na evolução da educação pública

Além disso, o Brasil enfrenta um fenômeno persistente: a distância entre série e idade. De acordo com o Censo Escolar de 2023, mais de 25% dos estudantes do ensino fundamental estão com dois anos ou mais de defasagem escolar, um indicativo claro de reprovações, abandono ou evasão temporária.

Gestão educacional: o caminho para virar o jogo

A boa notícia é que há caminhos para transformar esse cenário, e a gestão educacional é um dos mais relevantes. Experiências bem-sucedidas no Brasil e no mundo mostram que sistemas educacionais com planejamento estratégico, uso intensivo de dados, formação continuada de professores e foco em resultados conseguem superar defasagens e elevar o desempenho dos estudantes.

O trabalho da Falconi com redes pública e privada de ensino tem comprovado que, com método, metas e monitoramento, é possível acelerar a aprendizagem, reduzir desigualdades e contribuir para uma sociedade mais produtiva e justa.

Leia mais: Capital do Rio de Janeiro se une à Falconi para aumentar a qualidade no ensino

Gestores públicos têm um papel central na indução de melhorias: desde a alocação eficiente de recursos, passando por políticas de recuperação de aprendizagem, até programas robustos de avaliação e acompanhamento. Neste ano, o Congresso tem debatido o novo Plano Nacional de Educação (PNE), que estabelecerá metas para a educação brasileira até 2034.

O projeto contém 18 objetivos, 58 metas e 253 estratégias que União, Estados e municípios devem cumprir na educação básica, educação profissional e tecnológica e ensino superior. Isso pode mudar completamente o quadro atual, de falta de mão de obra qualificada e de uma lacuna significativa que impacta a produtividade das organizações.

No curto prazo, iniciativas privadas de incentivo à formação podem resolver problemas internos das empresas com impacto na vida das pessoas e da sociedade como um todo. Mas o futuro depende da iniciativa de organizações públicas e privadas por uma gestão altamente comprometida com a educação. Mais do que atender às demandas do mercado de trabalho, o ensino de qualidade é o que pode proporcionar desenvolvimento econômico sustentável, maior competitividade às empresas brasileiras e bem-estar social às pessoas.

*Izabela Murici é diretora de Sustentabilidade e de Soluções de Gestão para Educação e Serviços Públicos; e Vinicius Brum é vice-presidente da unidade de negócios especializada em Educação.

Também pode lhe interessar

Mais Vistos

triangulo branco triangulo preto