O ano de 2025 apresenta-se como um cenário inusitado para a indústria brasileira. Apesar de ter encerrado 2024 com um crescimento de 3,1%, o maior desde 2021, e um pequeno recuo de 0,1% de janeiro para fevereiro, conforme a Pesquisa Industrial Mensal divulgada no início de abril pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desempenho já acumula 2,6% de crescimento nos últimos 12 meses.
O crescimento foi impulsionado não apenas por fatores domésticos, como baixo índice de desemprego, aumento da renda das famílias e melhoria das condições de crédito, mas também pela demanda externa por bens industriais, especialmente em setores como o agronegócio e tecnologia.
A notícia é positiva, entretanto os gestores não devem ficar em uma zona de conforto pois a esperada desaceleração da economia mundial e a manutenção dos juros elevados são fatores que deverão impactar nichos específicos da indústria nacional, como o siderúrgico que dependem intensivamente de capital e é susceptível às importações. Dito isso as empresas não podem paralisar diante dos desafios e precisam adotar estratégias assertivas na alocação de seus recursos para garantir a sustentabilidade dos negócios como a continua aquisição e a modernização de maquinário.
Uma pesquisa anual da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), realizada entre novembro de 2024 e janeiro de 2025, aponta que, neste ano, os investimentos devem alcançar R$ 8,4 bilhões, uma alta de 4% em relação ao ano anterior. Esses investimentos devem buscam fomentar, não somente o aumento de capacidade, mas sim o aumento da competitividade através da automação e soluções digitais.
No entanto, investimentos por si só não resultados sólidos. A gestão eficiente dos recursos é essencial. Por isso, as lideranças do setor precisam adotar uma abordagem estratégica e focada no longo prazo, utilizando caminhos como esses:
- Planejar estrategicamente os investimentos: foco em alocações que gerem retornos maiores, com base em análises aprofundadas do mercado, de seu portfólio e das instalações existentes.
- Investir em inovação tecnológica: priorizar a automação e a digitalização dos processos industriais para aumentar a eficiência e reduzir custos operacionais.
- Monitorar indicadores-chave de desempenho (KPIs): utilizar métricas adequadas para avaliar a produtividade, rentabilidade e impacto dos investimentos.
- Promover o treinamento contínuo das equipes: capacitar os colaboradores para que estejam preparados para operar tecnologias avançadas e adaptar-se às mudanças do mercado.
- Diversificar fontes de financiamento: explorar alternativas como parcerias, incentivos fiscais e linhas de crédito específicas para minimizar os impactos dos juros elevados
Embora o crescimento de 3,1% em 2024 tenha sido positivo, os desafios de 2025 exigem uma gestão ainda mais estratégica. Os investimentos devem ser planejados com extremo cuidado apostando na inovação tecnológica, disciplina financeira e impacto nos resultados a fim de garantir que, o cenário incerto não comprometa as boas perspectivas para o fortalecimento da indústria nacional.
* André Chaves é VP da UN Indústria de Base e Bens de Capital da Falconi