A carência de profissionais qualificados não é um desafio apenas para as áreas de RH. Os impactos se estendem das operações ao financeiro, com efeito sobre toda a cadeia produtiva. De acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), mais de 57% das empresas do comércio, de serviços, da indústria e da construção civil indicam dificuldade em contratar ou reter colaboradores.
Esses setores sentem os efeitos do contexto apontado pelo FGV IBRE. Na construção civil, por exemplo, a falta de profissionais qualificados pode transformar um projeto de um ano em uma obra que se estende por dois anos ou mais. Dados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) apontam que esses atrasos podem resultar em perdas de até R$ 59,1 bilhões no setor entre 2023 e 2025. Na indústria, o Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, do Observatório Nacional da Indústria, revela a necessidade de 9,6 milhões de trabalhadores para atender à demanda do setor.
No setor de serviços, a escassez tem impulsionado a elevação dos salários, principalmente na área de tecnologia da informação (TI), pressionando os índices inflacionários e a competitividade das empresas. No comércio, a falta de profissionais capacitados acarreta aumento dos custos operacionais, redução da qualidade no atendimento e queda na produtividade, dificultando a expansão dos negócios.
Diante desse desafio, as lideranças empresariais estão adotando estratégias que vão além da simples busca por novos talentos. Entre as soluções, destacam-se:
- Automatização e uso de tecnologias emergentes: A inteligência artificial (IA) e o machine learning estão sendo aplicados para aumentar a eficiência operacional e reduzir a dependência de mão de obra intensiva.
- Capacitação contínua: Investir no desenvolvimento e na qualificação dos colaboradores é essencial para reter talentos e preparar a equipe para as demandas de um mercado em constante evolução.
- Mudança na cultura organizacional: Promover um ambiente que valorize o aprendizado e a inovação pode transformar desafios em oportunidades de crescimento.
Em um cenário de escassez de mão de obra especializada, a gestão eficiente e o investimento em tecnologia e desenvolvimento humano são fundamentais para garantir a sustentabilidade e o crescimento dos setores produtivos. Ao adotar essas medidas, as empresas não apenas superam as dificuldades atuais, mas também se preparam para um futuro mais competitivo e inovador.
*André Chaves é vice-presidente de Indústria de Base e Bens de Capital da Falconi