mar . 2024 .

O caminho para a energia verde no Brasil

A busca por uma economia de baixo carbono enfrenta obstáculos em um mundo ainda dependente do petróleo, cenário que poderá ser revertido com iniciativas coordenadas entre empresas, governos e sociedade civil

Daniel Oliveira e Gustavo Peluso*

O caminho para a energia verde no Brasil



Governos, empresas e sociedade civil em todo o mundo debatem sobre sustentabilidade há décadas. Inciativas como o Acordo de Paris, incentivos econômicos para a conservação da natureza e discussões nos fóruns mais importantes do planeta demonstram a relevância e a preocupação em torno do tema. De atitudes simbólicas às práticas, a verdade é que a criação de políticas e movimentos a favor de prioridades ambientais ainda esbarram em realidades estruturais.   

Este é o caso do desenvolvimento de combustíveis verdes e fontes sustentáveis de energia. Com ventos fortes no Nordeste, sol abundante em todo território e agricultura poderosa, o Brasil é o lugar perfeito para o crescimento de empresas produtoras de biocombustíveis e geração de energia limpa.

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Os investimentos reforçam essa tese. De acordo com o relatório anual Energy Transition Investment Trends da Bloomberg NEF, o país investiu US$ 34,8 bilhões em transição energética no ano passado. Os dados foram divulgados pelo Ministério de Minas e Energia e refletem o avanço das energias renováveis no Brasil. A notícia é boa, mas o progresso poderia ser ainda maior se não fossem questões econômicas, regulatórias, de infraestrutura e dependência de fontes fósseis a travar o crescimento.   

Carros elétricos, por exemplo, têm emissão zero de poluentes, grande eficiência energética, menor custo operacional e maior desempenho, e se apresentam como uma das mais importantes soluções para muitos dos problemas ambientais da Terra. Mas enfrentam obstáculos no país com uma malha viária degradada e infraestrutura elétrica limitada, incapaz de garantir autonomia e sucesso.   

O aumento significativo da frota elétrica no país reduziria de forma exponencial a dependência de combustíveis derivados do petróleo e criaria um ambiente favorável à diversificação energética e a uma economia de baixo carbono. A realidade global, no entanto, revela um caminho contrário.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) manteve a sua projeção de alta na demanda global em 2024. O relatório divulgado no dia 13 de fevereiro mostra que serão produzidos 2,2 milhões de barris por dia (bpd) a mais neste ano. Para 2025, a expectativa é de acréscimo de 1,8 milhão de bpd. Nos países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento, a OCDE, a demanda deverá aumentar em 300 mil bpd no mesmo período.  

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No Brasil, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção de petróleo em 2023 ficou em torno de 3,4 milhões de bpd. A quantidade é 12,57% acima do registrado no mesmo período do ano anterior, quando atingiu o recorde de pouco mais 3 milhões de barris por dia. Em 2022, de acordo com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), o país ocupou a nona posição entre os maiores produtores de petróleo.  

Neste cenário desafiador às empresas do setor de energia renovável, diante de uma forte concorrência com a indústria petroquímica, só será possível traçar uma rota de crescimento se elas assumirem o protagonismo no fornecimento de energia limpa e sustentável. Isso se dá com planejamento estratégico, abertura de mercado ao consumidor e, por consequência, com processos e jornadas para que o cliente esteja sempre no centro. 

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As companhias podem – e devem – investir nesses pontos para alcançar os resultados almejados. Mas para além da lucratividade, o setor privado precisa estar alinhado em um esforço coordenado com governos e sociedade civil para, de forma sincronizada, promover uma transição efetiva da realidade atual para o futuro sustentável desejado por todos. 

* Daniel Oliveira é VP da Unidade de Negócios da Falconi para Energia e Serviços Financeiros e Gustavo Peluso é diretor da Falconi para o segmento de Óleo e Gás

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