A digitalização da logística tem impulsionado investimentos em soluções inteligentes e integradas. Estudo da Mordor Intelligence estima que o mercado global de automação logística, avaliado em US$ 83 bilhões em 2025, deve alcançar US$ 132,5 bilhões em 2030, com taxa média de crescimento anual de 9,9%. No Brasil, o mercado de frete e logística deve passar de US$ 105 bilhões em 2024 para US$ 130 bilhões até 2029, reflexo direto do avanço do e-commerce e da incorporação de tecnologias inovadoras.
Essa tendência também é global. O mercado de frete e logística deve saltar de US$ 6 trilhões em 2024 para US$ 7,5 trilhões em 2029, com crescimento médio anual de 4,6%. No país, o Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos) aponta que os gastos com transporte atingiram R$ 940 bilhões em 2024, alta de quase 7% em relação ao ano anterior. O aumento da demanda do comércio eletrônico exige operações mais ágeis e rastreáveis, atraindo investimentos de longo prazo em modelos de negócio com escala, consistência e previsibilidade.
Enquanto o volume de pedidos cresce, a pressão por entregas rápidas e sem falhas se intensifica. A capacidade de resposta das empresas depende cada vez mais de sua maturidade digital e da integração entre tecnologia, processos e gestão estratégica. Quando isso acontece de forma sistêmica, já não se trata apenas de automação de tarefas isoladas. Trata-se do movimento de hiperautomação, uma disciplina de gestão que viabiliza escala com controle, agilidade com precisão e crescimento com eficiência.
Ao unir ferramentas como inteligência artificial, machine learning, IoT, blockchain e análise preditiva, a hiperautomação conecta etapas críticas da cadeia logística, desde o abastecimento até a entrega final. O resultado é uma operação com menor margem de erro, maior previsibilidade e mais velocidade, mesmo em contextos de alta demanda. Plataformas analíticas integradas permitem prever consumo, ajustar estoques, redesenhar rotas e monitorar produtos em tempo real, reduzindo perdas e custos sem comprometer o nível de serviço.
Para que esse potencial se concretize, é preciso alinhar tecnologia a um modelo de gestão estruturado. Ferramentas avançadas perdem impacto quando aplicadas em processos desatualizados ou fragmentados. A reengenharia dos fluxos logísticos, somada a indicadores claros e padrões operacionais bem definidos, transforma dados em valor real.
A excelência operacional, portanto, se traduz pela capacidade de adaptação, melhoria contínua e entrega consistente de resultados. Essa é uma condição essencial para enfrentar períodos de grande pressão, como a Black Friday e o Natal, quando eficiência e precisão deixam de ser diferencial e passam a ser fator de sobrevivência.
*Marina Borges é vice-presidente da unidade de negócios da Falconi especializada em Serviços.