nov . 2025 .

Eficiência industrial: quando tecnologia, processos e pessoas atuam em sinergia

A excelência em produtividade será conquistada por organizações que unirem inovação tecnológica e disciplina operacional para transformar dados em resultados

Gabriel Rodrigues*

Eficiência industrial: quando tecnologia, processos e pessoas atuam em sinergia



Dissociar a inovação da indústria é impossível. O avanço de tecnologias como automação, internet das coisas (IoT) e inteligência artificial (IA) já está redesenhando o chão de fábrica. Mas a eficiência não nasce do investimento em máquinas conectadas: ela depende da capacidade de integrar tecnologia, processos e pessoas para sustentar decisões mais rápidas e precisas. O futuro da eficiência industrial será definido por quem conseguir fazer dessa integração uma prática diária. 

Hoje, quase 90% das empresas brasileiras já utilizam ao menos uma tecnologia avançada, segundo a Pesquisa de Inovação Semestral da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O uso da IA, por exemplo, mais que dobrou desde 2022. De 16,9%, saltou para 41,9% em 2024. Esse avanço é positivo, mas insuficiente quando a gestão continua fragmentada.  

O que se percebe frequentemente nas empresas é que, apesar do investimento maciço em coleta e centralização dos dados, em equipamentos e na criação de painéis de indicadores, a definição de processos claros para análise e tomada de decisão e o treinamento dos times para interpretação de toda essa informação continuam deficientes. Como isso, a execução não evolui, a performance permanece a mesma e o investimento começa a ser questionado. Sem processos estruturados e equipes capacitadas, a tecnologia se torna um ativo subutilizado, um investimento que coleta dados, mas não gera melhoria de performance. 

O ponto de partida é uma visão clara de futuro. Para isso, é preciso combinar excelência em processos com tecnologias habilitadoras. Processos definem o modo mais eficiente e eficaz de execução; as pessoas sustentam esses processos; e a tecnologia amplia sua capacidade. É essa tríade que suporta as fábricas do futuro, onde decisões são automatizadas, falhas são antecipadas e a produção opera de forma autônoma: um modelo conhecido como dark factory, em que o controle é digital e contínuo, e a eficiência independe da presença humana em cada etapa. 

Mas a maturidade tecnológica só se traduz em resultado com disciplina operacional. Ela garante estabilidade, padroniza rotinas e cria o ambiente para aprendizado e melhoria contínua. Empresas que associam automação a uma rotina disciplinada de gestão — com análises sistemáticas, papéis claros e frequência de execução — reduzem variabilidade, aumentam previsibilidade e tornam-se mais resilientes a riscos. A disciplina é o elo entre inovação e resultado: transforma dados em decisões e decisões em ação. 

Um exemplo prático de maturidade tecnológica em empresas com operação disciplinada é a reação da liderança em situações críticas. Diante de possíveis falhas, as indústrias maduras utilizam tecnologia para monitorar as causas (com parâmetros de processos) e controlá-las antes que seus efeitos se materializem. Com isso, conseguem refinar seus padrões operacionais de maneira mais dinâmica dependo da condição da matéria-prima ou dos custos dos consumíveis. Além disso, encurtam o ciclo de gestão tomando decisões ágeis e reagindo muito mais rapidamente.    

A jornada da eficiência começa com clareza estratégica e se consolida com execução disciplinada e gente competente. À medida que processos, pessoas e tecnologia se conectam, as organizações elevam a qualidade, reduzem custos e ganham velocidade para responder ao mercado. O futuro da indústria não será definido apenas por quem investe mais em tecnologia, mas por quem souber fazer dela o motor de uma gestão sólida, integrada e sustentável. 

*Gabriel Rodrigues é diretor da operação da Falconi nos EUA.

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