nov . 2025 .

Eficiência que gera valor: as práticas que transformam o campo e projetam o agro para o futuro

Impulsionado pela COP30, agro brasileiro tem oportunidade de divulgar boas ações que fazem do setor uma referência global em crescimento sustentável

Andre Paranhos*

Eficiência que gera valor: as práticas que transformam o campo e projetam o agro para o futuro



O agronegócio brasileiro, um dos protagonistas do desenvolvimento socioeconômico do país, tem atraído atenção internacional por mais um motivo. Além de ser um motor da economia, responsável por cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB), o setor mostra que produtividade e sustentabilidade podem avançar juntas quando gestão, tecnologia e capital humano atuam de forma integrada.

A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), realizada pela primeira vez no Brasil, em Belém (PA), já tem mobilizado boas práticas ambientais em governos, empresas e na sociedade civil, meses antes de seu início, em 10 de novembro. Nesse contexto, o agro brasileiro, tradicionalmente bem-posicionado nas pautas ambientais, enxerga uma oportunidade estratégica para reforçar seu compromisso com uma produção cada vez mais sustentável.

Nos últimos anos, o Brasil vem comprovando que é possível crescer com responsabilidade. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o país se destaca entre os grandes agroexportadores no indicador “produção por unidade de emissão de gases de efeito estufa (GEE)”. De 1990 a 2020, a produtividade da agropecuária cresceu aproximadamente 3,9% ao ano. Ainda segundo o Ipea, outro indicador relevante é o chamado “efeito poupa-florestas”, que estima a área preservada graças à eficiência tecnológica: em 2020, esse índice alcançou 43,2% do território nacional, o maior entre os países analisados.

Esses resultados evidenciam que sustentabilidade no campo é, também, um reflexo da boa gestão. Eficiência é o elo entre o econômico e o ambiental, e tem sido essa conexão que transforma o agro brasileiro.

A excelência no campo nasce da capacidade de medir, comparar e melhorar continuamente. Por isso, cresce o número de produtores que adotam práticas de gestão profissional, inovação tecnológica e qualificação de pessoas.

Entre elas, destacam-se:

  • Gestão com indicadores e metas claras, que orienta decisões com base em dados, reduz desperdícios e aumenta a previsibilidade dos resultados.
  • Integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e outras formas de diversificação produtiva, que ampliam a sustentabilidade e a rentabilidade das propriedades.
  • Uso de tecnologias acessíveis, como sensoriamento remoto, automação e softwares de gestão, que permitem acompanhar o desempenho e tomar decisões mais precisas.
  • Capacitação de equipes e sucessão familiar estruturada, essenciais para garantir continuidade, inovação e profissionalismo na gestão rural.

Estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) confirmam o impacto positivo dessas estratégias: fazendas com ILPF superam 90 pontos em indicadores de sustentabilidade que combinam fatores econômicos, sociais e ambientais. Isso mostra que quem investe em gestão colhe, ao mesmo tempo, mais produtividade e mais conservação.

Com a COP30, o Brasil tem a chance de mostrar ao mundo que seu agro está pronto para liderar a agenda verde. A Embrapa e outras instituições já apresentaram, logo nos primeiros dias do evento, propostas de novas práticas sustentáveis, colhidas ao longo dos últimos meses. O Ministério da Agricultura e Pecuária, por sua vez, divulgou metas da chamada “agricultura regenerativa”, que pretende recuperar 40 milhões de hectares em dez anos, conciliando produtividade com mitigação climática.

O desafio, e o diferencial, será provar que esse crescimento sustentável não é um custo, mas um resultado direto da eficiência e da boa gestão. No campo, como em qualquer negócio, a lógica é clara: quem mede, gerencia; quem gerencia, melhora; e quem melhora, se sustenta. É assim que o agro brasileiro inspira o futuro, ao mostrar que eficiência é, cada vez mais, sinônimo de sustentabilidade.

*Andre Paranhos é vice-presidente da unidade de negócios da Falconi especializada em Agronegócio

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