nov . 2025 .

Indústria em alerta: a hora da cybersegurança

Apesar do aumento da conscientização sobre o tema, a indústria nacional ainda segue vulnerável

André Chaves*

Indústria em alerta: a hora da cybersegurança



A digitalização acelerada das fábricas brasileiras trouxe ganhos de eficiência, mas também elevou o risco de ataques cibernéticos. Na indústria, uma invasão pode paralisar linhas de produção, comprometer a segurança de trabalhadores e gerar efeitos em cascata que ultrapassam a área de tecnologia. Segundo o relatório Panorama de Ameaças para a América Latina 2024, o Brasil é hoje o segundo país com mais registros de ataques digitais no mundo. Esta realidade reforça a urgência de fortalecer a proteção nas plantas industriais.

Apesar do aumento da conscientização sobre o tema, a indústria brasileira segue vulnerável. O setor está entre os alvos preferenciais de criminosos, conforme o estudo Panorama do Risco Cibernético no Brasil 2025, da Vultus Cybersegurança. Ainda assim, cerca de metade das empresas não teria condições de reagir adequadamente a um incidente. Persistem, portanto, fragilidades significativas diante de ataques cada vez mais frequentes e sofisticados.

Principais riscos para o setor industrial

Os riscos digitais ao setor industrial podem gerar impactos reais. Entre os principais deles, estão:

  • Paralisação da produção: mesmo poucas horas de linha parada podem significar prejuízos milionários e multas contratuais por atrasos.
  • Extorsão digital (ransomware): criminosos exploram a urgência da retomada do controle dos dados para exigir resgates. Segundo o relatório “The State of Ransomware 2025”, da Sophos, 49% das empresas atacadas por ransomware pagaram a quantia exigida.
  • Quebra na cadeia de suprimentos: um fornecedor invadido pode paralisar uma indústria inteira, atrasando entregas de matérias primas, desorganizando o fluxo de produção e, em última análise prejudicando os clientes finais.
  • Riscos à segurança humana: falhas em sistemas industriais de controle podem causar acidentes de trabalho e colocar vidas em risco.

Além dos impactos operacionais, os danos reputacionais costumam ser duradouros, quando interrupções e vazamentos abalam a confiança de clientes e parceiros. O prejuízo financeiro também é expressivo: em grandes empresas, um incidente digital custa em média mais de US$ 4 milhões, chegando a US$ 10 milhões nos casos mais graves, ainda de acordo com a Vultus Cybersegurança.

Como a indústria pode se proteger

Em um cenário de alta no número de ataques digitais, a proteção da indústria contra essas ameaças tornou-se prioridade estratégica. Entre as medidas essenciais estão a inclusão do risco cibernético na agenda de conselhos e diretorias; a definição de planos de resposta a incidentes e de continuidade de negócios; a capacitação de equipes para identificar ameaças e adotar práticas seguras; e a realização de simulações periódicas de invasões para detectar e corrigir falhas antes que sejam exploradas.

A cibersegurança passou a ser parte indispensável da continuidade dos negócios na indústria. Ataques digitais provocam impactos financeiros, operacionais e humanos, com potencial de causar prejuízos bilionários. Proteger sistemas industriais é, portanto, proteger vidas, empregos e a própria prosperidade do país.

*André Chaves é vice-presidente da unidade de negócios da Falconi especializada em Indústria de Base e Bens de Capital

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