A inteligência artificial tem avançado de forma consistente entre as seguradoras e já é parte estruturante das decisões estratégicas do setor. A pesquisa State of AI Adoption in Insurance 2025, divulgada pela Roots AI, mostra que 70% das empresas de seguros testam ou exploram soluções de inteligência artificial e que 82% das lideranças tratam a tecnologia como prioridade para elevar desempenho financeiro e operacional.
Embora a adoção esteja acelerando, apenas 22% das seguradoras afirmam operar projetos em escala, indicando que o desafio principal não é tecnológico, mas de gestão. Muitas iniciativas começam sem clareza sobre o problema a resolver ou o valor a entregar. Além disso, persistem limitações na infraestrutura de dados, como baixa integração entre sistemas e restrições de qualidade e governança, que comprometem a captura de valor.
Mesmo com essas barreiras, os ganhos potenciais são evidentes. A automação de processos reduz retrabalho, acelera análises e diminui erros. Modelos avançados de risco aprimoram a precisão das decisões, enquanto soluções para precificação e recomendação contribuem para aumentar receita e margem. Para os usuários, a combinação de inteligência artificial e atendimento humano resulta em respostas mais ágeis, jornadas mais simples e ofertas mais alinhadas às necessidades individuais.
O fortalecimento da infraestrutura de dados é um ponto crítico. Dados confiáveis, integrados e governados são a base sobre a qual todos os modelos operam. Sem essa estrutura, mesmo projetos bem concebidos tendem a perder eficiência ao longo do tempo. As seguradoras que tratam dados como ativo estratégico têm avançado mais rapidamente na adoção da inteligência artificial e ampliado os benefícios percebidos por clientes e parceiros.
Outro fator decisivo é a capacidade de integração entre tecnologia e operação. Quando áreas técnicas e equipes de negócio trabalham de forma articulada, a escala das soluções cresce e os resultados se tornam mais previsíveis. Esse alinhamento reduz retrabalho, facilita a incorporação da tecnologia ao dia a dia e acelera a evolução dos modelos e das ferramentas.
A cultura organizacional também influencia esse processo. A compreensão da inteligência artificial como suporte às decisões, e não como ameaça às pessoas, cria ambiente favorável à experimentação responsável. Além disso, iniciativas de capacitação ajudam a fortalecer a confiança nos modelos, ampliando a adoção e permitindo que as equipes extraiam o máximo valor da tecnologia.
A inteligência artificial já demonstra capacidade de impulsionar eficiência, ampliar receitas e melhorar a experiência do cliente no setor de seguros. Para transformar potencial em impacto, as seguradoras precisam combinar estratégia clara, bases sólidas de dados e liderança comprometida com a integração entre pessoas, processos e tecnologia. As empresas que adotarem esse caminho estarão melhor posicionadas para competir em um mercado cada vez mais orientado por informação, velocidade e personalização.
*Flávio Lisboa, diretor da unidade de negócios da Falconi especializada em Serviços