Dados, disciplina e governança transformam ativos em verdadeiras alavancas de valor. São esses elementos que garantem a confiabilidade dos equipamentos, reduzem custos e aumentam a produtividade e a competitividade das organizações. A manutenção preventiva, quando bem planejada e apoiada por dados, é um dos pilares dessa transformação. Mais do que evitar paradas não programadas, ela sustenta ganhos duradouros de eficiência e torna as operações industriais mais resilientes diante das oscilações do mercado.
Os resultados observados em empresas que unem manutenção preventiva e gestão de ativos são claros. Eles revelam um movimento: economia que pode chegar à ordem de 40% nos custos de manutenção, aumento de aproximadamente 25% na produtividade e redução de até 30% nas emissões de CO₂. Com essa abordagem, a indústria deixa para trás o modelo reativo, que apenas responde a falhas, e adota uma postura preventiva e analítica. Quando os ativos passam a ser acompanhados com precisão e gestão, a previsibilidade se torna um ativo estratégico.
A gestão de ativos amplia essa lógica. Mais do que cuidar de máquinas, ela cria um sistema de decisões inteligentes sobre onde investir, quando substituir e como manter. Nessa abordagem, cada ativo deixa de ser um centro de custo e se torna uma fonte de valor, impactando diretamente indicadores financeiros como o EBITDA e o fluxo de caixa. Com metodologias alinhadas às melhores práticas de mercado, às normas internacionais (como a norma ISO 55.000) e nossa experiência de 40 anos de projetos, a gestão de ativos integra pessoas, processos e tecnologia sob uma mesma governança.
O ciclo de vida dos ativos, da instalação ao descarte, passa a ser tratado como uma linha contínua de decisões que equilibram custo, risco e desempenho. No início, pensar em facilidade de manutenção e padronização já evita gastos futuros. Na operação, a manutenção preventiva garante estabilidade e segurança. E no fim da jornada, o descomissionamento responsável reforça o compromisso ambiental. Essa visão integrada não só melhora a performance, como também preserva a reputação e o impacto social da indústria.
A tecnologia trouxe velocidade e precisão a esse modelo. Sensores IoT, inteligência artificial e gêmeos digitais permitem monitorar condições reais dos equipamentos e prever falhas antes que elas ocorram. A manutenção deixa de seguir cronogramas fixos e passa a reagir às evidências, uma mudança que reduz custos, aumenta a disponibilidade e fortalece a cultura de decisões baseadas em dados. Quando a fábrica se torna digital, a gestão de ativos ganha olhos e ouvidos em tempo real.
Mas tecnologia, por si só, não basta. Os melhores resultados vêm da combinação entre método e disciplina. Indicadores como OEE (Eficiência Global dos Equipamentos), pendências de manutenção e custo por ativo mantêm o foco naquilo que importa: resultado. Quando esses dados são tratados com rigor e compartilhados entre áreas, o aprendizado se multiplica. Operação, Financeiro, Compras, Estoques, Engenharia e Manutenção passam a falar a mesma língua, e a empresa constrói um ciclo virtuoso de melhoria contínua.
Outro ponto crucial é o impacto sobre os pilares de ESG. Equipamentos bem geridos consomem menos energia, emitem menos poluentes e operam com mais segurança. A rastreabilidade garantida por sistemas digitais reforça a governança e a conformidade regulatória. Com isso, a indústria não apenas se torna mais eficiente, ela também se posiciona como um agente de sustentabilidade, reduzindo riscos e ampliando sua credibilidade junto a investidores, clientes e comunidades.
No fim, excelência operacional não nasce de improviso. Ela é fruto de um sistema que une prevenção, dados e governança em torno de um mesmo propósito: gerar valor de forma contínua. A manutenção preventiva é a base que sustenta esse edifício; a gestão de ativos é a estrutura que o faz crescer. Quando essas duas práticas caminham juntas, a indústria deixa de apenas reagir e passa a liderar com mais eficiência, segurança e visão de futuro.
* André Chaves é vice-presidente da unidade de negócios da Falconi especializada em Indústria de Base e Bens de Capital; Alexandre Bicalho é team leader da unidade de negócios especializada em Indústria de Base e Bens de Capital.