maio . 2025 .

O paradoxo econômico da IA: produtividade versus infraestrutura

A inteligência artificial acelera o futuro das empresas enquanto impõe desafios à sustentabilidade econômica

Por Alexandre Ribas

O paradoxo econômico da IA: produtividade versus infraestrutura



O paradoxo econômico da IA: produtividade versus infraestrutura
A inteligência artificial acelera o futuro das empresas enquanto impõe desafios à sustentabilidade econômica

Durante a Brazilian Week, em Nova York, um dos principais debates abordados foi o impacto da inovação e da tecnologia no futuro das empresas. Inevitavelmente, a inteligência artificial (IA) se tornou o grande protagonista dessas discussões. A IA já não é uma promessa distante. Em plena aceleração, ela vem reformulando a maneira como trabalhamos, consumimos e tomamos decisões. A IA está cada vez mais presente em todos os aspectos da economia, e sua adoção pelas empresas precisa ser rápida e eficaz para garantir competitividade no cenário global.

A produtividade proporcionada pela IA é notável e visível em diversos setores. Com a automação de tarefas rotineiras, a capacidade analítica das empresas aumenta, e o tempo necessário para executar tarefas críticas é reduzido de forma drástica. O que antes demandava uma equipe grande e complexa, agora pode ser realizado por um número menor de pessoas com muito mais eficiência. Estamos, portanto, diante de uma verdadeira mudança estrutural: a inteligência artificial transforma o conceito de trabalho e de produção em um nível nunca visto antes.

No entanto, o aumento da produtividade impulsionado pela IA traz implicações econômicas relevantes, como o efeito deflacionário. Ao reduzir o custo marginal da produção, a IA exerce uma pressão para a queda dos preços de bens e serviços. Isso gera um ciclo virtuoso que promove mais eficiência, maior oferta e menor custo, levando à criação de um cenário com baixo índice de inflação. Porém, esse efeito, embora promissor, não se dá sem desafios, principalmente no que diz respeito à infraestrutura necessária para sustentar a crescente demanda por tecnologia.

Embora a IA seja um motor de crescimento, ela também exige uma enorme quantidade de infraestrutura tecnológica para funcionar de maneira eficaz. Grandes modelos de linguagem e outras aplicações exigem um volume colossal de capacidade computacional e energia, o que sobrecarrega as cadeias de suprimentos globais e cria um paradoxo: enquanto a produtividade cresce, a infraestrutura necessária para sustentar esse avanço gera efeitos inflacionários. A energia elétrica, insumo essencial para a operação da IA, tende a se valorizar, especialmente em países com matrizes energéticas baseadas em combustíveis fósseis.

Esse paradoxo entre produtividade deflacionária e infraestrutura inflacionária deve ser central nas discussões econômicas e estratégicas dos próximos anos. As empresas brasileiras precisam adotar a IA com agilidade para não perder a oportunidade de se posicionar no mercado global. Ao mesmo tempo, os governos terão que agir para garantir que a infraestrutura necessária para sustentar essa nova era digital, como a expansão da capacidade energética e o investimento em soluções renováveis, acompanhe o ritmo acelerado da adoção de IA. O futuro das economias será determinado por como equilibrar essas forças aparentemente opostas.

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