A elevação contínua dos custos operacionais e a pressão da sinistralidade nos resultados financeiros são apenas alguns dos fatores que têm comprometido a sustentabilidade dos hospitais, clínicas e operadoras de planos de saúde. Para reagir a esses desafios, 27% das lideranças do setor, de acordo com um estudo da Falconi no segmento hospitalar, priorizam modernizar sistemas digitais e ampliar o uso de inteligência artificial e análise avançada de dados.
A tecnologia, portanto, é a resposta dos gestores à urgência por eficiência. O plano é plausível, mas a inovação desconectada do modelo de negócio, dos principais problemas da operação e da cadeia de processos da empresa é insuficiente para gerar resultados sustentáveis. Muitas instituições intensificaram a discussão sobre inteligência artificial, mas ainda falta clareza sobre o que aplicar para gerar valor percebido e mensurável.
A adoção sem diagnóstico aumenta os custos, consome recursos, inclusive de tempo, gera distrações e limita o impacto das tecnologias já disponíveis. Com isso, fica a pergunta: onde a tecnologia é, de fato, necessária para resolver problemas estruturantes da operação e melhorar os indicadores do negócio?
No mercado, os executivos do setor têm convicção sobre a relevância de sistemas de inteligência de negócios para decisões financeiras e alocação de recursos. Essa percepção reforça que soluções analíticas, modelos preditivos e monitoramento contínuo não são complementos, mas pilares para proteger margens em um ambiente mais competitivo.
Tecnologias como process mining também ganham espaço ao dar visibilidade ao fluxo real da operação e revelar gargalos que afetam a experiência do paciente e o desempenho econômico. As expectativas de transformação com soluções como essa são elevadas. A experiência dos especialistas da Falconi, porém, mostra que a expectativa não equivale ao nível de maturidade que a empresa possui. O que diferencia as instituições que avançam é a capacidade de conectar tecnologia, estratégia e disciplina de gestão. Essa maturidade gerencial permite uma maior clareza sobre a aplicação eficaz de tecnologias e regula a expectativa dos retornos possíveis.
A combinação entre diagnósticos robustos, visão integrada de processos, governança clara e adoção de soluções digitais adequadas cria as condições para decisões mais rápidas, sustentáveis e orientadas a valor. Esse alinhamento reduz desperdícios, melhora fluxos assistenciais, fortalece o controle financeiro e amplia a competitividade no setor. O avanço tecnológico continuará relevante, mas é a gestão que transforma potencial e expectativa em resultado.
*Vinicius Brum, vice-presidente da unidade de negócios da Falconi especializada em Saúde e Farma