A falta de mão de obra qualificada é um desafio já bastante conhecido pelos gestores do varejo. Atualmente, é um dos maiores entraves para o crescimento do setor no Brasil. Mais de 77% das empresas do varejo ampliado, de acordo com pesquisa do FGV IBRE, em dezembro de 2024, apresentam dificuldades para contratar e reter colaboradores.
O impacto é ainda mais expressivo em posições-chave do varejo. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), oito das dez ocupações mais relevantes do setor enfrentam escassez de profissionais. Juntas, essas funções respondem por 70% da força de trabalho do varejo.
Frente ao desafio de manter a eficiência e garantir a continuidade das operações, as empresas do setor intensificam a adoção de tecnologias para automatizar processos e reduzir a dependência de tarefas manuais. O Índice de Automação do Mercado Brasileiro, elaborado pela GS1 Brasil em parceria com a GfK, mostra que a automação nas empresas mantém o ritmo de crescimento nos últimos anos.
Em 2020, durante a pandemia, o índice apontou alta de 3% em comparação com o ano anterior. Já entre os consumidores, a conectividade saltou de 0,48 para 0,72 entre 2017 e 2024, um sinal claro de maturidade tecnológica e aceitação da digitalização no dia a dia. Desde que começou a ser mensurado, em 2016, o índice registrou uma expansão de 7%.
Esse movimento tem levado à adoção em larga escala de ferramentas de hiperautomação, conceito que combina diferentes tecnologias para ampliar a automação em todas as áreas do negócio. No varejo, estão em destaque o uso de RPA (automação de processos robóticos), quiosques de autoatendimento, sistemas de workflow e integração de processos, além de ferramentas de machine learning e inteligência artificial aplicadas à previsão de demanda, personalização de ofertas e atendimento ao cliente.
Os resultados começam a aparecer. Com a automação de processos repetitivos, as companhias conseguem realocar equipes para atividades mais analíticas, reduzir gargalos e aumentar a produtividade. A combinação entre eficiência operacional e uso inteligente da tecnologia permite diminuir os custos, ganhar escala e elevar a satisfação dos consumidores.
Projetos realizados pela Falconi no setor têm capturado resultados de 70% de redução do tempo em tarefas repetitivas. Com um período médio de três a cinco meses de implementação, os clientes chegam a registrar um aumento de produtividade de cerca de 40%. A adoção de soluções digitais, somada a esses ganhos, contribui para a permanência de talentos e para o direcionamento de profissionais a funções com maior valor agregado.
A hiperautomação representa, portanto, uma oportunidade concreta para o varejo enfrentar a escassez de mão de obra e se preparar para um ambiente cada vez mais competitivo. Empresas que investem em soluções tecnológicas têm mais resiliência, capacidade de adaptação e vantagem estratégica diante de mudanças no mercado e no comportamento do consumidor.
*Breno Barros, vice-presidente de Soluções Digitais e CTO da Falconi.