mar . 2023 .

Empresas apresentam tendências ESG e nível de maturidade da agenda

Viviane Martins, CEO da Falconi, participou de uma live realizada pela EXAME sobre resultados do estudo "Como está a sua Agenda ESG?"

Empresas apresentam tendências ESG e nível de maturidade da agenda



O grande desafio das empresas quando se fala em ESG é tirar o compromisso do papel. É o que aponta Viviane Martins, CEO da Falconi, que participou, na última terça-feira (28), de uma live realizada pela EXAME sobre resultados da pesquisa “Como está a sua Agenda ESG?”, fruto de uma parceria entre a companhia, o Pacto Global da ONU aqui no Brasil e a plataforma Stilingue. O estudo buscou analisar como as organizações têm investido os seus recursos nesta pauta e o nível de maturidade desta agenda no país. 

O questionário foi distribuído para signatários do Pacto Global e clientes Falconi no fim de 2022, com 11 perguntas e 190 participações. Ao serem questionadas, 78,4% dizem já ter inserido ESG na elaboração das suas estratégias e 59,5% alocam ações dentro do orçamento. Ao serem questionadas sobre quais são os principais motivadores para sua atuação, 86,3% das empresas respondentes afirmam que a preocupação com impactos ambientais e estabelecer uma economia sustentável são os seus maiores motivadores 

Para Viviane, as empresas precisam manter o foco na prática dos princípios básicos. Segundo ela, muitas companhias trabalham em cima de instrumentos imprescindíveis para uma boa governança, como códigos de conduta ou programas de compliance, que não são suficientes. “Vamos voltar ao básico e fazer com que transparência, prestação de contas, equidade e responsabilidade corporativa permeiem a tomada de decisão e sejam consideradas para gerar impactos positivos entre os stakeholders do negócio.” 

Renata Faber, head de ESG da EXAME, mediou a conversa que contou com as presenças de Viviane Martins, CEO da Falconi

Quem também esteve na live da EXAME foi Camila Valverde, COO e diretora da frente de impacto do Pacto Global da ONU no Brasil, que apontou o poder do exemplo como grande diferencial. “Nenhuma das letras da tríade ESG ou algum dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da ONU vão avançar se não houver engajamento das lideranças. O caminho do empenho e da visibilidade do CEO para os temas sociais, ambientais e de governança é condição essencial para a agenda avançar”, disse Camila.

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Falta de pautas ESG pode representar perda de negócios 

Para as empresas que possuem uma agenda ESG, os impactos positivos influenciaram a melhoria da reputação e imagem da empresa (70%), a otimização de recursos (35,8%) e a atração e retenção de talentos (34,2%). Do outro lado, sete a cada dez organizações afirmam nunca terem sofrido sanções relacionadas à falta de uma pauta nesse tema. Em contrapartida, 8,9% delas relatam já terem perda de negócios ou de consumidores. 

Outra participante, Ana Bavon, CEO e head de estratégia da B4People Cultura Inclusiva, lembrou que propostas ESG devem estar interconectadas: “Nosso desafio é unir essas três letrinhas sem hierarquizar a importância de cada uma delas, porque todas vão nos levar a uma sociedade mais justa”. Para Ana, as tendências para 2023 conectadas ao pilar S são diversidade, equidade e inclusão. “Deve-se olhar as diferenças étnico-raciais que causam abismos sociais e que impedem, inclusive, a movimentação da economia.”

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Durante a pesquisa, a etapa de social listening conseguiu analisar publicações voltadas para ESG entre janeiro e outubro de 2022 e, assim, identificar como o tema cresce e se comporta nas conversas online. Foram observadas 109 mil publicações, número cerca de 30 vezes maior do que o percebido em 2019, quando foram vistas 3,4 mil citações no meio digital entre as discussões sobre a terminologia em ambiente digital brasileiro. 

“Embora haja um crescimento sustentável ano após ano, a representatividade do tema ESG dentro das conversas não é tão grande. O assunto é bastante discutido, mas ainda não furou a bolha porque é provocado por portais de notícias e páginas corporativas. Falta gerar um maior engajamento da sociedade neste assunto. Para se ter uma ideia, o volume de pesquisas em redes sociais sobre preservação e florestas é 66 vezes menor que o total de buscas por restaurantes”, revelou Thiago Gonçalves, diretor da Stilingue.

Live contou com especialistas que apresentaram diversos insights sobre o tema: Ana Bavon. CEO e head de estratégia da B4People Cultura Inclusiva; Camila Valverde, COO e diretora da frente de impacto do Pacto Global da ONU no Brasil; e Thiago Gonçalves, diretor da Stilingue, além de Viviane Martins, CEO da Falconi

Perfil das empresas participantes 

Das organizações respondentes, a maior parte apresenta faturamento entre R$ 4,8 e R$ 300 milhões (25%). Já em relação ao número de colaboradores, é mais expressiva a resposta das organizações com mais de 1000 funcionários (44%). E quando se fala dos segmentos, os cinco setores com maior participação foram: serviços, indústria, energia, agronegócio e educação. Por fim, considerando o cargo dentro da empresa, a pesquisa foi respondida principalmente por gerentes (21,1%) e CEOs/sócios/proprietários (20%).

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No meio digital, o pilar mais citado é o ambiental, concentrando 47% das publicações. Os pilares social e governança aparecem em volume menor, com respectivamente 29% e 24% dos conteúdos. Já sobre as principais dificuldades para avançar, as respostas se concentraram em: ter áreas responsáveis pela agenda ou metas financeiras associadas; enxergar benefícios tangíveis e medir o impacto no negócio; possuir orçamento e engajamento das pessoas; conectar as ações que já acontecem dentro da empresa à agenda ESG; conseguir o apoio das lideranças; e capacitar e sensibilizar as pessoas. 

“Uma vez que as empresas se sensibilizam e entendem que essa agenda não é mais uma escolha, e sim um compromisso com a sociedade, surge esse desafio: a partir da estratégia, como fazer isso se transformar em ações e permear as metas, a tomada de decisão, os investimentos e a gestão. É preciso o primeiro passo, ver que é possível, trabalhar de forma pragmática e fazer esse ponteiro mexer”, concluiu Viviane Martins. 

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