Hoje, 28 de abril, comemoramos o Dia da Educação e temos muito o que refletir. Essa data foi escolhida no ano de 2000, quando terminava o Fórum Mundial de Educação realizado em Dakar, Senegal, o qual foi estabelecido o compromisso dos países de levar a educação básica e secundária a todas as crianças e jovens do mundo. Mas hoje, 21 anos depois do surgimento dessa data, no que avançamos?
Estamos submersos em uma pandemia que já dura mais de um ano e ainda sem uma perspectiva clara de quando a situação irá melhorar. O panorama conturbado faz com que as escolas enfrentem grandes desafios, como longos períodos de portas fechadas e alunos cada vez mais distantes das salas de aulas. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) – agência da ONU responsável por acompanhar e apoiar a educação, comunicação e cultura no mundo –, a pandemia da Covid-19 impactou mais de 1,5 bilhão de estudantes em 188 países, o que corresponde a cerca de 91% do total no planeta.
Em um país tão desigual como o Brasil, a pandemia veio para aumentar ainda mais as desigualdades educacionais. A PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) estima que, em agosto de 2020, quatro milhões de estudantes do ensino fundamental, ou seja, 14,4% do total, estavam sem acesso a nenhuma atividade escolar. “A maioria são negros, vivendo em famílias com renda domiciliar inferior a meio salário mínimo”, detalha o relatório do Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Recuperar as lacunas e estragos que a pandemia vem gerando no setor educacional será um desafio. Dois a cada três alunos brasileiros podem não aprender a ler adequadamente um texto simples aos 10 anos. Esta informação é de um estudo do Banco Mundial, que analisou o impacto da Covid-19 na educação dos países da América Latina e Caribe. A pandemia, segundo esse mesmo levantamento, aumentaria o índice de alunos em pobreza de aprendizagem de 50% para 70% no Brasil.
E para que o Brasil consiga se tornar um país mais desenvolvido com menor índice de desigualdade social, é indispensável que a educação seja colocada como prioridade. É a educação que constrói o futuro! Por isso, na minha visão, devemos sim celebrar o Dia da Educação. Devemos celebrar o quanto educadores e gestores da área estão buscando meios para renovar o ensino e se adaptar às novas metodologias e ferramentas. Afinal, seja de forma presencial ou remota, é com a educação que desenvolvemos nossas crianças e jovens para serem cidadãos com as competências necessárias para buscar uma vida digna e feliz.
E não devemos apenas celebrar, mas também planejar. É por meio de uma boa gestão de redes e escolas que conseguiremos obter um melhor aproveitamento do hoje (ensino remoto e uso de tecnologias). É necessário identificar as lacunas e necessidades de cada grupo, estabelecer metas, planejar as estratégias, acompanhar e intervir para alcançar o resultado em prol de uma transformação contínua do setor educacional.
Juntos podemos trabalhar para que esse passo seja o propulsor de um grande salto para a reconstrução educacional do nosso país e para que, em alguns anos, possamos olhar para trás e nos orgulharmos do quanto avançamos.