Compromissos para reduzir a emissão de poluentes e oportunidades de negócios. É com essas características que a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26) foi concluída em Glasgow, na Escócia. Marcada por um período de extrema importância, as negociações que duraram duas semanas, levaram os quase 200 países presentes a adotar o “Acordo Climático de Glasgow”.
A economia de baixo carbono, a eliminação do carvão, o aquecimento global, o desmatamento e os investimentos em energias renováveis, foram algumas das pautas debatidas no evento. Além disso, pela primeira vez a cúpula apontou os combustíveis fósseis no documento final. O objetivo é que os países direcionem os seus esforços para “reduzir gradualmente” a utilização da categoria como matéria-prima, principalmente, na produção de energia.
A presença do setor privado
Só o atual contexto em que estamos inseridos – com quase dois anos de uma pandemia mundial e as problemáticas envolvendo as mudanças climáticas – já faria com que a COP26 fosse uma das mais importantes da história. Contudo, um aspecto atípico também colaborou para que a conferência fosse marcante: a quantidade de empresas privadas participantes.
Alguns fatores contribuíram para que executivos marcassem alta presença no evento. Devido às mudanças no mercado, investimentos ESG (que operam com estratégias alinhadas aos aspectos ambiental, social e de governança) e negócios de impacto (core business que buscam resolver questões socioambientais, gerando retorno positivo e mensurável) surgindo pelo mundo, mais empresas estão cientes da importância de gerar valor e estão buscando como adaptar a sua cultura organizacional.
Cada vez mais companhias estão pensando no ecossistema, nas pessoas e se adaptando a temáticas importantes, como: responsabilidade social corporativa, lideranças sustentáveis, diversidade e inclusão, programas de desenvolvimento e certificações, e saúde mental e bem-estar.
Hoje, as práticas ambientais, sociais e de governança andam juntas, propagando a evolução de negócios sólidos. Por isso, ter essa visão e exercer a mudança se tornaram um diferencial para gerar impacto na sociedade e no mundo corporativo.
Como isso reflete no Brasil?
Então, o que podemos esperar dos negócios após a COP26? No Brasil, há dois pontos principais que trazem várias oportunidades para as empresas nacionais: o avanço da economia de baixo carbono e as tecnologias renováveis para a transição energética.
Com a regulamentação do mercado de carbono, abre-se margem para mais investimentos, novos modelos de negócios e inovações que devem beneficiar e moldar diversos setores. Além do mais, fortalece o Brasil como um player importante na geração de créditos de carbono para outros países.
Já no que diz respeito à meta de reduzir o uso de carvão, um dos poluentes mais responsável pelo efeito estufa, a expansão da energia limpa ganha protagonismo. Neste sentido, o Brasil pode colaborar com tecnologias renováveis, por ser um dos territórios mais propícios para a produção de energia solar e eólica.
Além disso, com uma matriz predominantemente renovável, outras vantagens surgem para o país, como: independência energética, crescimento econômico, desenvolvimento sustentável, geração de empregos, mudança social e redução das mudanças climáticas.
Mais lideranças ativas, mais impacto positivo
Ou seja, este é o momento em que a pauta ESG entra ainda mais em ação. Com os objetivos ambientais, sociais e econômicos presentes na cultura das empresas, elas também se tornam mais transparentes, gerando credibilidade e confiança, à medida que as metas são cumpridas.
Desta forma, será necessário que as lideranças sejam ativas e busquem como refletir isso da melhor maneira nos negócios. Os líderes precisam articular mudanças, propósitos e objetivos bem estabelecidos, tanto para os colaboradores e parceiros, como para os investidores. É preciso atingir todos os stakeholders.
Também é fundamental que as lideranças tenham posicionamento, ponto de vista claro e planos de ação que ajudem outros players a se posicionarem, colaborando, dessa forma, para que as pautas sociais, assim como as ambientais, façam mais parte dos discursos e dos debates atuais, pois não há como pensar nos impactos ao planeta, sem entender como as pessoas são atingidas.
Por fim, todos esses pontos devem estar alinhados com a ética da empresa, pois se posicionar perante o tema, influenciar e ser responsável, também são princípios morais. As lideranças ativas que buscarem essas soluções e exercerem a capacidade analítica, vão incentivar negócios mais resilientes, sustentáveis e gerar impacto positivo.
É hora de agir!
Essas ações oferecem um futuro melhor para a humanidade, preservando a biodiversidade e o ecossistema como um todo. Por isso, empresas, governos e a sociedade precisam trabalhar juntos e garantir que a voz de todos seja ouvida. Implementar a agenda ESG, acompanhar os compromissos firmados na COP26, exercer a accountability e cobrar resultados dentro dos prazos é fundamental para que isso aconteça.
A transição e a adaptação precisam ser constantes, fluidas, factíveis e escalonadas. O desafio de concluir as metas contra a crise climática e alcançar as emissões líquidas zero, só será possível se todas as empresas se engajarem e colaborarem. Agora, não se trata apenas de um objetivo, mas de uma questão de desenvolvimento nacional.
É a importância da gestão para pousar as ambições sustentáveis e fazer acontecer as mudanças de hábito nos líderes brasileiros. Saiba mais como exercer essa mudança aqui.