No dia a dia corporativo, quando as vendas vão bem e os resultados são positivos, empresas tendem a diminuir o rigor administrativo e podem até chegar a negligenciar alguns processos. E é somente quando uma crise se instala que grande parte dos gestores correm para recuperar a eficiência perdida. Para quem pensa em longevidade do negócio, ambos os cenários podem decretar dificuldades de curto, médio e longo prazos.
Não importa se o momento é de abundância ou de escassez, os gestores (de empresas de todos os portes e segmentos) devem considerar a busca por eficiência como um elemento cultural e permanente. E ter como mantra que as melhores oportunidades para implementar uma gestão eficaz estão, justamente, em cenários positivos.
Hoje, o setor de seguros é um exemplo. No primeiro trimestre deste ano, a demanda por apólices de proteção de patrimônio, sem considerar o segmento de Saúde Suplementar (planos médicos), cresceu 13,7% — e arrecadou, pela primeira vez, R$ 103 bilhões, segundo dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). O volume é histórico: foi a primeira vez que a marca dos R$ 100 bilhões foi ultrapassada em apenas três meses.
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Em paralelo, até março de 2024, excluindo os planos de saúde, o setor de seguros pagou mais de R$ 56,9 bilhões em indenizações, benefícios, resgates e sorteios. O montante é 5% inferior ao do mesmo período do ano passado. A queda ocorreu, principalmente, pela redução de 9,9% (R$ 3 bilhões) no volume de resgates dos planos de Previdência Aberta da Família VGBL.
Independentemente de todas as variáveis que apontaram ao longo dos últimos meses para os bons resultados, as seguradoras, neste momento, devem atentar a temas que podem resultar em ganhos de eficiência com novos investimentos ou revisão de procedimentos. São eles:
Subscrição
Os processos de precificação de riscos nos prêmios cobrados devem ser criteriosos. O investimento em tecnologia permite a construção de modelos que trazem robustez e segurança para essas avaliações.
Sinistros
Processos digitalizados e automatizados que garantam o processamento ágil dos sinistros impactam positivamente a satisfação do cliente. Mas é fundamental ter procedimentos e tecnologias que previnam fraudes e, consequentemente, perdas significativas.
Relacionamento
Investimentos em novas tecnologias para ofertar mais canais de contato com o consumidor (multicanalidade). A facilitação do autoatendimento, por exemplo, reduz custos e aumenta a eficiência da empresa.
Desenvolvimento de produtos
As transformações sociais e tecnológicas abrem oportunidades para novas modalidades de seguros, como produtos para riscos cibernéticos e para novas formas de mobilidade.
Ao analisar as possibilidades de aprimoramento da gestão em fases favoráveis ao setor, as seguradoras encontram, por exemplo, motivação para ampliar e criar estratégias em um país como o Brasil, que ainda tem espaço para o desenvolvimento desse mercado.
Por outro lado, diante da recente tragédia no Rio Grande do Sul, as seguradoras são levadas a gerirem novas frentes para evitar impactos provocados pelas mudanças climáticas. No curto prazo, já que os danos no sul do país terão efeito sobre os lucros e perdas dessas empresas, é importante que os pontos citados acima sejam alvo de ganho rápido de eficiência. De toda forma e, em qualquer cenário, a gestão estratégica dos negócios é o que traz segurança, estabilidade e sustentabilidade às organizações.
* Daniel Oliveira é vice-presidente para a unidade focada em Energia e Serviços Financeiros da Falconi, Flávio Lisboa é diretor de Serviços e Tecnologia da Falconi, e Rodrigo Morais é diretor de Serviços e Tecnologia da Falconi