abr . 2024 .

O Drex está chegando: quais impactos o mercado financeiro pode esperar?

Com lançamento previsto para o segundo semestre, moeda digital do Banco Central segue em fase de testes e promete mais segurança e portabilidade

Daniel Oliveira e Flávio Lisboa*

O Drex está chegando: quais impactos o mercado financeiro pode esperar?



Criptomoedas, Open Banking, Open Finance, Pix – os últimos anos garantiram muitas novidades para o setor financeiro brasileiro e mundial. Empresas deste mercado estão cada vez mais conectadas entre si, compartilhando dados de seus clientes para trabalhar em ofertas mais personalizadas, além de oferecer funcionalidades para facilitar o dia a dia das organizações e das pessoas. 

Com inovações tão recentes já em vigor, ainda é possível inovar nesse setor? O Banco Central (BC) diz que sim e está trabalhando na sua solução própria, o Drex – acrônimo para “Digital, Real e Eletrônico”, com o “x” fazendo alusão à modernidade. Mas, ter mais uma moeda digital em circulação é a saída?   

O “Real digital” está em desenvolvimento desde 2020 e já iniciou sua fase de testes, prometendo ser uma solução blockchain para unir a representação digitalizada de diversos tipos de bens. Seu uso exigirá que um banco ou uma instituição financeira seja a intermediária entre um comprador e um vendedor, que “transformará em tokens”, por meio do Drex, itens comercializáveis, tangíveis ou não, como imóveis, carros, marcas e patentes, entre outros. 

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As transações serão feitas por meio de contratos autônomos e automatizados, com condições predefinidas, garantindo que as quantias monetárias só sejam transferidas quando ambas as partes concordarem com os termos. Segundo um estudo recente do Atlantic Council dos Estados Unidos, até o momento somente onze países, incluindo a Jamaica, a Nigéria e as Bahamas, já implementaram sistemas semelhantes e outros vinte e um, incluindo a China, estão testando seus próprios serviços.   

Antes de iniciar a fase de testes, o Banco Central abriu oportunidades para que empresas se cadastrassem para utilizar essa novidade, o que permitiu que ao menos dois grandes benefícios já fossem observados na rotina das transações: segurança e agilidade. 

Fundamentais para soluções tecnológicas atuais, essas duas vantagens, que já podem ser consideradas como características obrigatórias no desenvolvimento de um serviço hoje em dia, se mostram aqui como garantias de que as transações ocorram em um ambiente controlado e protegido, seguindo regras e a fiscalização do Banco Central. 

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Como exemplo, ao vender um apartamento, é comum que a propriedade do patrimônio só seja transferida para o novo proprietário após a realização do pagamento. Com o Drex, não importa quem dará esse primeiro passo, pois a quantia só será enviada após o acordo de ambas as partes. Com isso em mente, recursos como esse são eficazes e transmitem a proteção necessária para evitar golpes.

O Drex a favor da eficiência 

Com o andar do cronograma, o Drex está com o lançamento previsto para o segundo semestre de 2024, mas é importante ressaltar que mudanças como essa exigem maturidade gerencial e conhecimento profundo dos mecanismos e agentes do negócio antes de colocar em prática.  

Vale levar em conta questionamentos como “quais custos serão reduzidos ao embarcar nesse mercado?”, “estamos preparados para lidar com uma nova legislação que ainda não foi validada?”, “como a empresa pode criar novos produtos e serviços com base nos benefícios que o Drex apresenta?”. Todo questionamento é válido, e a saída está no desenvolvimento de um planejamento que leva em conta a busca pela eficiência operacional. 

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O Drex apresenta um enorme potencial para transformar o sistema financeiro brasileiro, tornando-o mais eficiente, seguro e inclusivo. A análise dos impactos em transações financeiras, segurança e meios de pagamento demonstra as oportunidades que essa nova moeda digital pode oferecer. 

É fundamental que o BC, em conjunto com o setor privado, trabalhe na regulamentação e implementação da nova plataforma de forma diligente e transparente, para que os benefícios sejam maximizados e os riscos, minimizados. Sua implementação bem-sucedida pode impulsionar o desenvolvimento do sistema financeiro brasileiro, promover a inclusão financeira e fortalecer a competitividade da economia nacional. 

* Daniel Oliveira é vice-presidente da Falconi para Serviços e Tecnologia e Flávio Lisboa é diretor de Serviços e Tecnologia da Falconi.

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