nov . 2023 .

Os principais desafios e tendências para o setor energético em 2024

Transição da matriz energética para fontes sustentáveis, abertura do mercado livre, metas de descarbonização e busca por inovação e novas tecnologias promovem cenário efervescente e desafiador para o ecossistema do país

Os principais desafios e tendências para o setor energético em 2024



O setor energético brasileiro passa por uma transformação significativa à medida que se adapta às mudanças no cenário global do setor. Ao mesmo tempo, o segmento enfrenta desafios complexos na busca por um fornecimento de energia mais sustentável, eficiente e confiável. A meta da descarbonização tem ganhado cada vez mais relevância em todo o mundo, e o Brasil tem um enorme potencial para contribuir nessa iniciativa.

A abertura do mercado livre de energia para o grupo A (alta tensão), prevista para 2024, vai mudar o posicionamento das empresas, que deixarão a imagem passiva para trás e passarão a participar ativamente do processo de contratação da energia. O mercado livre brasileiro segue a tendência mundial de dar maior autonomia ao consumidor final.

Os segmentos Financeiro e de Telecomunicações, por exemplo, passaram por processos muito similares. Olhando para o segundo, as empresas evoluíram muito suas funções e expertises com foco no cliente, aumentaram sua base de resultados com a expansão da cobertura 5G, o fortalecimento da capacidade móvel, investimentos em FTTH e a venda de serviços agregados que chegam a corresponder a mais de 10% do resultado em 2022.

Como consequência natural da abertura do mercado e da expansão da geração distribuída, o empoderamento do cliente surge como forte tendência para os próximos anos. A maior competitividade no setor energético, que passará de um perfil atacadista para varejista, dará ao consumidor final maior poder de negociação, escolha e compra.

A inovação tecnológica e a constante necessidade de digitalização vêm ganhando mais força com o avanço da inteligência artificial e da análise de dados. Isso inevitavelmente fará com que as comercializadoras atuem além da simples compra e venda de energia. Exemplo desta tendência são as mais de 4 milhões de unidades consumidoras brasileiras que possuem medição inteligente, que além de disponibilizarem detalhes do consumo individual e otimizarem o monitoramento, fazem a predição remota das falhas, furtos e perdas da rede e também permitem que as concessionárias gerem insights e ajam sobre os dados, por exemplo, através das correções de preços e proteção da sua receita.

Em termos de novas tecnologias, o hidrogênio verde ganha cada vez mais protagonismo como um dos motores da neutralidade de carbono. O nosso país está na mira da União Europeia, que visa descarbonizar a sua matriz energética até 2050. No Brasil, os projetos ligados à produção de hidrogênio verde concentram-se principalmente no Nordeste, por conta da oferta de água e energia renovável. Ao total, o potencial de investimentos em projetos relacionados ao tema no Brasil já ultrapassou a marca de R$ 150 bilhões.

Os principais desafios para o setor energético previstos para o próximo ano são:

  • Expansão das operações em meio a baixa de preços, leilões de transmissão mais acirrados e geração distribuída menos atrativa após aprovação do marco legal;
  • Sustentabilidade do modelo de negócio da distribuição frente ao volume excessivo de incentivos que oneram a fatura para o consumidor final;
  • Operacionalização do sistema interligado nacional (mais descentralizado), com maior presença de fontes de geração mais intermitentes, como solar e eólica.

Já as principais tendências para o setor energético previstas para o próximo ano são:

  • Clientes ainda mais empoderados com os novos produtos que são ofertados no mercado de energia após a abertura do mercado, que, por sua vez, terá cada vez mais um perfil varejista, sendo importante alavanca de novas fontes de receita;
  • Manutenção do baixo preço de comercialização de energia elétrica devido às condições hídricas favoráveis e expansão das renováveis. Dessa forma, torna-se essencial a eficiência das organizações nas cadeias de suprimentos e engenharia para viabilizar novos projetos de geração;
  • Maior presença de players não tradicionais no mercado de comercialização de energia após a abertura do mercado livre prevista para 2024, como, por exemplo, empresas do segmento de telecomunicações, financeiro e óleo e gás.
  • Hidrogênio verde ganhando cada vez mais espaço no mercado nacional a partir da aprovação do marco regulatório.

O setor energético nacional vive momento de grandes mudanças e, consequentemente, grandes oportunidades. A transição da matriz energética para fontes sustentáveis, a abertura do mercado livre, as metas de descarbonização e a busca por inovação e novas tecnologias promovem o cenário efervescente e desafiador para o ecossistema do país.

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