maio . 2024 .

Profissionalização do agronegócio: o caminho para o sucesso sustentável

Mais que a adoção de novas tecnologias, profissionalizar o campo envolve mudanças culturais, investimentos em capacitação e melhoria dos processos

Lavínia Vieira, Marcella Rodrigues e Rodrigo Rodrigues*

Profissionalização do agronegócio: o caminho para o sucesso sustentável



O agronegócio tem passado por grandes transformações. Muitos negócios cresceram significativamente ainda norteados por um modelo de gestão familiar tradicional, baseado no famoso “olho do dono”. A realidade que se apresenta, contudo, requer práticas formais e alinhadas a um mercado cada vez mais exigente e dinâmico. Vai muito além do uso das novas tecnologias disponíveis. O eixo central para fazer frente a este contexto é a profissionalização das práticas de gestão e governança. Este é o fator-chave para garantir o sucesso perene e a criação de valor a todas as partes interessadas, incluindo produtores, trabalhadores rurais, comunidades e meio ambiente.

Muitas organizações, entretanto, ainda enfrentam o desafio de profissionalizar sua gestão e adotar práticas de governança corporativa mais formais. De massiva presença tanto no setor agrícola quanto no pecuário, são muitos os exemplos de empresas familiares que, às vezes, ainda esbarram no básico. Não é raro nos depararmos com empresas, com faturamento na casa das centenas de milhões de reais, que ainda sequer separam as contas familiares das do negócio.

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Também um desafio importante para as empresas familiares é garantir uma transição suave de liderança entre as gerações. E não é simples de fato, já que envolve aspectos pessoais. Manter a coesão familiar durante o processo é complexo. Já não é novidade que a taxa de mortalidade das empresas familiares entre as gerações é bastante alta.

Outro aspecto bastante contundente na transformação do agronegócio é a capacidade de tomada de decisão baseada em fatos e dados concretos e confiáveis. O espaço para agir baseado na experiência e intuição está escasso. E muitas vezes leva a consequências que custam caro para o negócio. É preciso pragmatismo e assertividade. E o caminho passa necessariamente pela estruturação de processos, implementação de indicadores, capacitação das pessoas e a adoção de sistemas de informação – para dizer o mínimo.

E por falar em tecnologia, também não é novidade que o setor tem testemunhado avanços importantes em termos de inovação e robotização no campo. As opções são cada vez mais diversas e potentes. Do trato agrícola ao processo industrial o que não faltam são soluções de telemetria, agricultura de precisão, automação e mecanização de praticamente todas as atividades. A Agrishow 2024 foi o retrato deste contexto. Uma enorme quantidade de fabricantes de máquinas, implementos, defensivos, fertilizantes, dentre outros, buscando se diferenciar com as mais variadas tecnologias embarcadas sob a promessa de maior produtividade e menores custos.

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Quem esteve sob o escaldante sol de Ribeirão Preto pôde constatar que o espaço dedicado à tecnologia no campo é cada vez maior. Tanto pela presença das startups, este ano com o dobro de participação em relação a edição anterior, quanto pelos stands das tradicionais marcas exaltando as novidades tecnológicas de seus produtos e serviços. Aí vemos uma vertente do agronegócio a qual o produtor está bastante antenado.

Porém, a reflexão que trazemos aqui é mais ampla. Chegou a hora do show acontecer também nos processos corporativos e administrativos. No agro só agora a maturidade gerencial subiu para o topo da pauta – que engloba, evidentemente, a questão da inovação tecnológica e sua capacidade de transformar o negócio. Porém até mesmo estes movimentos têm seu impacto subestimados se não há processos de gestão e governança bem estruturados por detrás. Mesmo as grandes marcas de máquinas agrícolas, por exemplo, se veem diante do desafio de como habilitar seus clientes a fazer o melhor uso dos dados e informações gerados pelos sistemas de tecnologia acoplados.

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Profissionalização da gestão é uma jornada com ganhos tanto de conhecimento quanto de produtividade. Na qual a reta de chegada quase não se vê. Afinal a busca é pelo horizonte de longo prazo, pelo negócio perene que ultrapassa gerações, de forma eficiente e sustentável.

*Lavínia Vieira é diretora de Agronegócio, Marcella Rodrigues é diretora de Agronegócio e Rodrigo Rodrigues é vice-presidente de Agronegócio da Falconi.

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